sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

A RABECA DE BRAGANÇA



História
A palavra rabeca foi usada durante a idade média para designar um Rebab, instrumento importado do Norte da África. Posteriormente, passou a designar qualquer instrumento folclórico parecido com o violino de cultura popular. De timbre mais baixo que o do violino, tem um som fanhoso e sentido como tristonho. Suas quatro cordas de tripa são afinadas, por quintas, em sol-ré-lá-mi.
O tocador encosta a rabeca no braço e no peito, friccionando suas cordas com arco de crina, untado no breu. É juntamente com a viola, um instrumento tradicional dos cantadores nordestinos.
Muitas pessoas confundem a rabeca com o violino, apesar de não terem o mesmo som e timbre.
Em São Paulo, é usada em folganças ou fandango, na folia-do-divino, moçambique, congadas, dança-de-são-gonçalo e folia-de-reis. No nordeste foi popularizada por bandas locais, onde também é fabricada por gente simples do interior de Alagoas como Nelson da Rabeca. Ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, a rabeca foi o primeiro instrumento melódico utilizado no forró. Só posteriormente, com a imigração dos alemães, é que a sanfona foi difundida por todo o Brasil e introduzida na música nordestina. E por ser um instrumento com mais recursos musicais, pois é um instrumento melódico e harmônico (ao contrário da rabeca que é apenas melódico), a sanfona teve maior aceitação.
Na região Norte a rabeca é usada nas festividades de São Benedito na cidade de Bragança onde destaca-se como o principal instrumento da festa, é tocada desde 1978 pelo mestre Zito no período de 18 a 31 de dezembro. Músicas como retumbão, chorado, xote, mazurca e contra-dança fazem parte do repertorio da festa, mais conhecida com o nome de Marujada.
Aurimar Monteiro de Araújo, mestre Ari, é um dos mais renomados artesãos do instrumento na Região Amazônica, utilizando madeiras e fibras vegetais da floresta ele confecciona instrumentos de sons inigualáveis. O mestre foi responsável pela criação da Orquestra de Rabecas da Amazônia, além de uma escola de música e de uma oficina escola que capacitam profissionalmente crianças e adolescentes, preservando assim a mémoria do instrumento na região.

O RETUMBÃO.


O Retumbão

A festividade em devoção a São Benedito, em Bragança, deu origem à Marujada, e com ela a mais conhecida e importante dança folclórica da Marujada, o Retumbão.

O Retumbão pode ser considerado a dança favorita dos integrantes da Marujada de Bragança. O ritmo seria uma variação do Lundu. Quanto à coreografia, nada tem de semelhante. O ritmo e a forma como é dançado dão-lhe uma característica própria e um isolamento que não permitiu acréscimos de outros ritmos. Tem origem comum à fundação da irmandade da marujada de Bragança, em 1978.

A dança recebeu o nome de Retumbão devido ao entusiasmo dos próprios portugueses que, ao ouvirem de longe o ritmo e a linha melódica, diziam que tudo “retumbava”, elogiando a execução.

A orquestra da dança do retumbão é composta de tambores grandes e pequenos pandeiros, cuíca (onça), rabeca, viola, cavaquinho e violino. Não há canto no retumbão.

O XOTE BRAGANTINO


Xote bragantino

O xote é dança de origem húngara e foi trazido para Bragança pela aristocracia da época, ganhando no local novos manejos coreográficos tipicamente regionais. Conquistou peculiaridade e fama pelo jeito bragantino de ser dançado.
Adelermo Matos, no livro “Música na Mata”, escreveu que o xote bragantino é a transformação de uma antiga dança chamada “escocesa”, também conhecida como “valsa escocesa”, e fez muito sucesso por volta do ano de 1830. Foi introduzida na marujada de Bragança como manifestação e louvor, atendendo aos pedidos dos senhores locais.

MIRANTE DE SÃO BENEDITO - O MAIS NOVO PONTO TURÍSTICO DE BRAGANÇA.


O município de Bragança ganhou em 2009 mais um ponto turístico: o mirante de São Benedito, localizado em Camutá, à margem direita do rio Caeté. Através do mirante é possível avistar toda a cidade e a Prefeitura de Bragança já estuda a possibilidade de interligá-la ao marco por intermédio de um teleférico. Construído em menos de um ano, o ponto elevado ocupa atualmente o espaço onde ficava a oca do cacique Camutá - chefe tribal dos Tupinambás Caetés durante a fundação de Bragança - segundo afirma o historiador Leôncio Siqueira, membro da Academia de Letras e Artes de Bragança.

Leôncio conta que o município de Bragança possui diversos pontos turísticos e que o mirante vem somar principalmente na questão do turismo para a localidade. 'Dentro da cidade ainda é possível perceber os casarões construídos pelos portugueses e espanhóis, na mesma época em que foi implantada a estrada de ferro de Bragança. O município possui grandes palacetes, construídos por padres barnabitas. Além disso, o ecossistema local favorece bastante ao turismo', revela. O historiador conta que a praia de Ajuruteua e de Canelas são verdadeiras maravilhas. 'Na praia de Canelas existe a maior concentração de Guarás do planeta, além de outras 40 espécies de aves', destaca.

Outro aspecto importante na cultura de Bragança, também abordado por Leôncio - e que deu nome ao mirante - é a festa de São Benedito, a maior festividade religiosa da região Bragantina, que acontece anualmente entre os dias 26 de dezembro e 1º de janeiro. 'Esse evento tem um significado importante, porque a comemoração de São Benedito é o maior festejo religioso profano, aliado a marujada, e a cavalhada', revela. Bragança é uma cidade católica - e sua referência maior é expressa neste acontecimento, tradicional desde 1798, e que este ano completa 211 anos. Bragança possui 127 mil habitantes e vive do comércio formal e informal, do turismo proveniente de Ajuruteua - além de 12 empresas pesqueiras instaladas na região.

domingo, 27 de dezembro de 2009

ILHA DE CANELAS


Paraíso dos guarás


A ilha de Canelas, ou ilha da Passarada, como é mais conhecida, fica a 5 km de Bragança, no litoral norte do Pará. Ela abriga um extenso manguezal, berçário de milhares de pássaros guarás (Eudocimus ruber), e também hospeda maçaricos, gaviões e cinco tipos de garça.Os guarás nascem pardos e adquirem esse tom escandaloso das fotos por causa dos carotenóides, substância presente nos caranguejos, que são seu principal alimento.As aves adultas partem ao amanhecer para mariscar a até 50 km de distância, deixando os filhotes desprotegidos nos ninhos. Todos os dias, pouco antes do pôr-do-sol, centenas deles retornam, tingindo o céu em pleno vôo, a caminho do ninhal. É um espetáculo deslumbrante e acontece de abril a julho.Alguns pássaros são capturados pelos pescadores, que gostam de criá-los como “xirimbabos”, animais de estimação. “São mansinhos como galinhas, comem milho, só que com saudades do manguezal ficam amuados e desbotam”, conta Bode, um nativo da ilha. Para evitar que isso aconteça, preservar o meio ambiente e educar tanto a população local quanto os visitantes, a Universidade de Bragança criou o Madam (Manejo e Dinâmica em Áreas de Manguezal), projeto de cooperação entre cientistas brasileiros e alemães. “Conhecer é preservar”, sintetiza o pesquisador paraense Inocêncio Gorayeb, coordenador do grupo.Para chegar lá, é preciso contatar um pescador e esperar a maré favorável, e não é possível ficar hospedado nesse paraíso.

PONTOS TURÍSTICOS DE BRAGANÇA


INSTITUTO SANTA TEREZINHA

Fundado em 23 de novembro de 1938 e idealizado pelo padre D. Eliseu Maria Corolli.
Hoje funciona a residência das freiras e Escola de Ensino Fundamental, Médio e Educação infantil






IGREJA DE SÃO BENEDITO

Igreja de São Benedito em Bragança-Pará, localizada no Largo de São Benedito, também conhecido como Orla de Bragança. Igreja essa que sedia a festividade do santo de mesmo nome, que comemora-se no dia 20/12, com a participação de Marujos e Marujas, manifestando a cultura local através de sua dança e religiosidade. A festividade de São Benedito culmina com a procissão do santo no dia 26/12.

sábado, 26 de dezembro de 2009

MARUJADA DE BRAGANÇA.



Marujada: Bragança - PA


Uma das mais tradicionais festas populares do Pará, a Marujada, em louvor a São Benedito, reúne beleza e música em um espetáculo de cores.
Trata-se de um auto dramatizado, onde predomina o canto sobre a dança. Há uma origem comum entre a Marujada de Bragança e a Irmandade de São Benedito. Quando os senhores brancos atenderam ao pedido de seus escravos para a organização de uma Irmandade, foi realizada a primeira festa em louvor a São Benedito. Em sinal de reconhecimento, os negros foram dançar de casa em casa para agradecer a seus benfeitores.
A Marujada é constituída quase exclusivamente por mulheres, cabendo a estas a direção e a organização. Os homens são tocadores ou simplesmente acompanhantes. Não há número limitado de marujas, nem tão poucos há papéis a desempenhar. Nem uma só palavra é articulada, falada ou cantada como auto ou como argumentação. Não há dramatização de qualquer feito marítimo.
A Marujada de Bragança é estritamente caracterizada pela dança, cujo motivo musical único é o retumbão.
A organização e a disciplina são exercidas por uma "capitoa" e por uma "sub-capitoa". É a "capitoa" quem escolhe a sua substituta, nomeando a "sub-capitoa", que somente assumirá o bastão de direção por morte ou renúncia daquela.
As marujas usam blusa branca, toda pregueada e rendada. A saia, comprida e bem rodada, é vermelha ou branca com ramagens de uma dessas duas cores. À tiracolo levam uma fita azul ou vermelha, conforme ramagem ou o colorido da saia. Na cabeça usam um chapéu todo emplumado e cheio de fitas de várias cores. No pescoço usam um colar de contas ou cordão de ouro e medalhas.
A parte mais vistosa dessa indumentária é o chapéu. Os modernos são de carnaúba, palhinha ou mesmo de papelão, forrado na parte interna e externa. A aba tem papel prateado ou estanhado; na lateral o papel tem várias cores; e em torno, formando um ou mais cordões em semi-círculos, são colocadas alças de casquinhos dourados, prateados ou coloridos e espelhinhos quadrados ou redondos. No alto do chapéu são colocadas plumas e penas de aves de diversas cores, formando um largo penacho com mais ou menos cinqüenta centímetros de altura. Da aba, na parte posterior do chapéu, descem ao longo da costa da maruja, numerosas fitas multicores. O maior número ou argura das fitas, embora não indicando hierarquia, é reservado às mais antigas.
Os homens, músicos e acompanhantes, são dirigidos por um capitão. Eles se apresentam de calça e camisa branca ou de cor, chapéu de folha de carnaúba revestido de pano, sendo a aba virada de um dos lados.
Os instrumentos musicais são: tambor grande e pequeno, cuíca, pandeiros, rabeca, viola, cavaquinho e violino.
As marujas caminham ou dançam em duas filas. À frente de uma delas a "capitoa", e á frente da outra a "sub-capitoa", empunhando aquela um pequeno bastão de madeira, enfeitado de papel, tendo na extremidade superior uma flor. Atrás e ao centro, fechando as duas alas, vão os tocadores e os demais marujos.
Em fila, a dança é de passos curtos e ligeiros, em volteios rápidos, ora numa direção, ora noutra, inversamente. Assim elas caminham descrevendo graciosos movimentos, tendo os braços ligeiramente levantados para a frente à altura da cintura, como se tocassem castanholas. Dançando obedecem à música plangente do compasso marcado pelo tambor grande.
No dia 26 de dezembro, consagrado à São Benedito, há na casa do juiz da Marujada um almoço, do qual participam todas as marujas e pessoas especialmente convidadas. O jantar é oferecido pela juíza, na noite desse dia. A 1º de janeiro o juiz escolhido para a festa seguinte é o anfitrião do almoço desse dia. Durante o ágape é transmitido ao novo juiz da festa o bastão de prata com uma pequena imagem de São Benedito, que é o emblema do juiz, usado nos atos solenes da festividade de São Benedito.